...E o lobo mau se vestiu de chapeuzinho para enganar a vovozinha. |
Como na estória infantil, aproveitadores podem facilmente se aproveitar da ignorância dos recém-chegados ao Linux para conseguir deixar o consumidor à sua mercê. Isso parece coisa da Microsoft(MR), mas não é. Está acontecendo agora mesmo com os usuários da RedHat(MR). Vejamos alguns pontos que senti na pele nas minhas andanças e consultorias para a migração do Windows para o Linux em diversas empresas. Devo deixar bem claro, primeiramente, que não represento nenhuma distribuição, nem mesmo uso algo que se possa chamar de distribuição. Os meus sistemas, iniciados a uns 5 anos atrás, utilizavam o Plug-n-Play Linux da Yggdrasil(MR), que atualmente é praticamente defunta. Com o passar dos anos fui acrescentando programas, na maioria das vezes compilados por mim mesmo, o que se transformou numa instalação muito particular, mas onde consigo fazer todos os programas funcionarem perfeitamente, e os uso como plataforma de desenvolvimento. Entretanto, tem algo implícito nas entrelinhas. É necessário deixar o consumidor inteiramente dependente do seu produto. Em outras palavras, não interessa ao lobo mau que chapeuzinho possa colher quantas frutas quiser e levar para a vovozinha, pois isso não lhe traria lucro algum. Para criar essa dependência, ele modifica todos os pacotes de programas para que nenhuma outra versão não-adaptada para o uso na distribuição consiga rodar. Em alguns casos, a mudança é nos diretórios default do pacote original. Em outros, ele cria programas acessórios para ficar mais fácil a configuração, de forma a deixar extremamente trabalhoso para o administrador se aventurar a instalar o programa sem ser obtendo o malfadado rpm no sítio daquela empresa. Essa é uma forma de esconder pela complexidade. Ao usuário é mais cômodo comprar uma nova versão que tentar atualizar alguns programas que sofreram modificações mínimas. Mas pode ser copiado, não pode? Pode sim, mas diga-me você mesmo, quantos cds (discos) você tem com uma distribuição RedHat ou Conectiva(MR)? Se você é usuário Linux há mais que um mês, certamente tem vários. Só pode ser copiado o que há um original de onde copiar. Baixar da internet é muito dispendioso ainda, pelo menos com a velocidade atual de acesso. Se você ainda não entendeu do que estou falando, tente pegar um programa fonte original (não SRPM, pois esse já é adaptado) e siga você mesmo as instruções de instalação. Eu faço isso diariamente: configure; make; make install e é raríssimo o caso em que algum programa não compila e instala perfeitamente. (Mas não num RedHat!) E quando um problema ocorre, é bastante simples descobrir a causa, geralmente a falta de alguma biblioteca ou versão desatualizada. Você pode ainda argumentar que o rpm testa as versões de bibliotecas e indica o que está faltando e por isso é uma ferramenta excelente. Concordo com você, se devemos ficar limitados ao caminho que o lobo mau escolheu para nós. Ou seja, quais os programas que o usuário é permitido rodar. Ora, desisti do Windows há mais de cinco anos exatamente por isso. Sempre gostei de escrever meus próprios programas, alguns até mesmo sofisticados, e não quero que um pseudo-fabricante de software diga-me o que devo rodar ou não. Ainda há salvação, evidentemente, pois vivemos em um mundo onde o software é aberto, ou pelo menos caminhamos nessa direção. Precisamos mostrar ao lobo mau que chapeuzinho decide por si mesma, e não admite ser manipulada sobre o caminho a tomar. Existem o Debian, excelente distribuição totalmente GPLed, o Slackware, que apesar de comercial é inteiramente padronizada, e tantas outras. Mostremos ao mundo que desejamos ardentemente a liberdade. |